domingo, 24 de novembro de 2013

Sequência de atividades para o ensino de apresentação oral
Público Alvo: 6ªsérie/7ºano
Tempo previsto: 10 aulas
Objetivos: - ler textos diversos;
- localizar e comparar informações sobre bullying;
- discutir o conceito de bullying e sua existência na escola;
- apropriar-se de procedimentos de escuta e participação de uma discussão, de entrevista e de exposição oral;
- compreender as características fundamentais da organização de discussão coletiva, entrevista e exposição oral;
- formular e realizar entrevista;
- pesquisar e organizar uma apresentação de maneira a possibilitar a compreensão e atenção dos colegas;
- planejar, produzir, fazer revisão e efetuar uma exposição oral;
- utilizar recursos de apoio na apresentação (imagens, vídeos, gráficos...)
- reconhecer e utilizar uma linguagem mais formal, entonação e atitude corporal na exposição oral;
- valorizar o trabalho em grupo, bem como o respeito à opinião do outro;
Conteúdo: leitura e interpretação, discussão coletiva, entrevista, apresentação oral.
Estratégias: leitura de depoimentos, discussão coletiva, textos informativos, trabalho em grupo; entrevistas, comentários e apresentação oral.
Recursos: textos, dicionário, internet.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde as questões voltadas as estratégias de leitura inclusive a participação oral.
A exposição oral
O trabalho com a exposição oral deve ser o resultado conclusivo após a efetivação de sequências didáticas envolvendo estratégias concretas de intervenções durante todo o processo.
Este gênero é um ótimo recurso não somente na aquisição dos conteúdos, mas também para desenvolver no aluno o domínio da oralidade, pois precisará estar preparado para conduzir o público e interagir com ele. É preciso mostrar aos alunos a posição de "especialistas" que assumirão diante de uma apresentação oral, deixar claro que seu conhecimento estará superior ao do auditório pois estudou e se preparou para isto. Para diminuir esta assimetria inicial, o orador deverá não somente transmitir os conteúdos mas também informar e esclarecer, ficando atento ao retorno dado pelos ouvintes através de questões que permitam identificar seus saberes/compreensão, mas que prendam a atenção destes.
Antes de realizarem a transmissão do assunto, é necessário um amplo planejamento com análises de diversas fontes, escolha das mais pertinentes ao tema para então elaboração de um esquema base da apresentação que servirá de apoio no momento desta, visto que seu caráter é bastante monologal. Assim, organiza-se as informações de forma a progredir tematicamente: abertura, introdução, apresentação sobre o produto, desenvolvimento, retomada e síntese, conclusão e por fim o encerramento. Durante esse processo, não permanecer apenas na fala e fazer uso de recursos visuais (fotos, slides, esquemas, gráficos, palavras chaves, anotação...) que servirão como apoio ao orador e ao mesmo tempo chamar a atenção do interlocutor, evitando a monotomia e dando mais vida às palavras, com uma apresentação espontânea.
  
* Num primeiro momento, expor aos alunos que utilizamos a linguagem oral em várias circunstâncias de nossa vida: em casa, na escola, no trabalho, em conversas com os amigos, em festas, encontros... Em algumas dessas situações, o uso da língua oral é mais esponâneo e não segue normas e procedimentos preestabelecidos. Já em outras situações, pode haver regras e fatores que orientam a produção oral, tais como: o momento adequado de falar, o tempo de que dispõe para usar a palavra, o direito de expor suas ideias ou de rebater as do outro, e assim por diante.
Logo em seguida, colocar para os educandos que irão desenvolver algumas atividades relacionadas com a produção de textos orais: discussão em grupo, entrevista e apresentação oral.
* Questioná-los:
. O que é uma discussão em grupo?
. Já viram ou participaram de alguma?
. Para que serve?
A discussão em grupo é um gênero argumentativo oral, produzido coletivamente sempre que há a necessidade de os participantes de um grupo expressarem seu ponto de vista sobre um assunto, geralmente polêmico. Ela pode ocorrer em diferentes situações sociais seja na escola, em reuniões da comunidade ou até mesmo no trabalho, etc. Geralmente é feita com certos objetivos, como: analisar uma situação, levantar dados e pontos de vista para depois apresentar uma opinião, fazer um texto, participar de um debate... Por essa razão, é comum a discussão em grupo dar origem à produção de outros gêneros textuais orais ou escritos.
* Leitura de três depoimentos de alunos vítimas de brincadeiras e perseguições de colegas de escola.
Depoimento 1
Minha vida escolar não é a melhor. Gosto muito dos professores, mas de umas semanas para cá andam me difamendo por causa de um trabalho escolar. Estou sendo rejeitada por algumas pessoas da minha classe. Na aula de educação física, dizem que sou baixa e frágil, então não sirvo para nada... (aluna do 7º ano, 12 anos)
Depoimento 2
A minha vida aqui na escola é assim: não arrumo briga porque na escola não é lugar de caçar encrenca, é para estudar. Então, eu vou contar a minha história aqui na escola. Quando eu venho para a escola, os meus colegas me cumprimentam e eu os cumprimento. [...] Copio as minhas coisas e a professora pergunta se está tudo bem, eu falo que está. Na hora do recreio, uns meninos ficam [me] passando a mão [...], daí eu falo para as funcionárias e elas falam para o diretor. O diretor vai na classe e chama os meninos, que levam suspensão, e pede para a mãe deles vir aqui na escola. As mães explicam para o diretor que pediram para que não façam isso. Tem uns que me ameaçaram; então, por isso, eu não abro mais a minha boca para nada. Se passo perto deles, fico de boca calada porque sei que são marmanjos e tenho muito medo deles.
Quase não saio de casa porque a minha mãe sabe do que acontece na escola, então ela não deixa; choro que quero sair. Minha mãe não me deixar ir na casa de minha tia e se eu ficar chorando, ela me põe de castigo. Figo um mês de castigo e não posso brincar nem dentro de casa. (aluna de 10 anos, 5º ano)
Depoimento3
A escola é a segunda casa para mim, fico contente de vir à escola, tenho muitos amigos e inimigos. Sou muito fracote, às vezes me discriminam ,falam que sou "japonês", que sou "tolo", mas tudo bem. Tenho uma professora boa e gosto dela... (aluno do 5º ano, 11 anos)
(Textos e proposta de atividades extraídos e adaptados de: Cleo Fante. Fenômeno bullying - Como previnir a violência na escola e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005. p. 25, 37 e 132-3)
* Comentar sobre as regras para a discussão em grupo:
- respeito ao outro, o que significa estabelecer condições de igualdade entre os participantes. Assim, deve-se respeitar a vez de falar do outro e suas ideias, mesmo que diferente.
- ouvir atentamente quem está falando.
- não "cortar" a fala do colega.
- não falar demais, querendo ser o centro das discussões.
- o tempo de discussão varia e é estipulado pelos integrantes do grupo.
* Questões para a discussão:
. O que incomodam ao alunos dos depoimentos?
. Como vocês veem a situação deles na escola?
. Como se sentem as vítimas?
. O que pensam sobre comportamentos como esses?
. O que pensam das pessoas que praticam esse tipo de agressão?
. O que leva os agressores a agir desse modo?
. Qual o tipo de aluno geralmente são escolhidos como vítima?
. Esses alunos tem recebido apoio de alguém?
. Concordam com o modo como as vítimas vem agindo?
. O que fariam se estivessem no lugar deles?
. Alguém sofre, sofreu ou conhece alguma pessoa que já foi vítima de "brincadeiras" parecidas?
. Isso ocorre nesta sala de aula? E na escola?
. O que poderia ser feito para resolver este problema?
. Como os colegas de classe poderiam ajudar?
* Pode ser realizado um breve quadro comparativo na lousa, com a análise dos depoimentos.
* Abrir espaço para que alguns alunos façam um resumo oral das ideias mais importantes discutidas no grupo, ou seja, reproduzir oralmente o que foi discutido. E o restante da classe, por sua vez, deverá prestar a atenção no que está sendo apresentado, observando se concordam ou se algo foi esquecido.
* Leitura dos textos a seguir:
Texto 1
Bullying. Não tem a menor graça!
Você já foi alvo de gozação ou viu alguém sendo sacaneado constantemente?
Não era brincadeira. Era o buIlying em ação

A palavra
Sem tradução para o português, bullying é toda agressão feita com a intenção de machucar outra pes­soa ou até uma turma inteira. Mas, pra ser considerado bullying de verdade, também é preciso que essa atitude agressiva se repita uma porção de vezes. Sabe aquele garoto que fica gozando do colega todo santo dia, fazendo piadinhas infelizes a respeito da orelha de abano do garoto? Pois essa atitude grosseira, repetitiva, disfarçada de brincadeira, é o tal de bullying. Mas esse comportamento vai além dos apelidos maldosos. Ele também é uma característica de quem gosta de ofender, humilhar, discriminar, intimidar, enfim, de quem se diverte fazendo tudo o que faça uma menina (ou o menino) sofrer [ ... ]
Menino é diferente
A prática do bullying nem sempre é igual para meninos e meninas. Segundo Aramis Lopes, pediatra e coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, os garotos são mais explícitos. É comum ver meninos tirando sarro de alguém na frente de todo mundo. "Já a menina é educada para ser mais recatada, discreta. Sendo assim, a estratégia delas é outra", explica o médico. É isso mesmo! A menina é mais sutil e vai, como se diz, "comendo pelas bordas". Uma fofoqui­nha aqui, uma esnobada ali e lá está ela colocando em prática sua maldade. "A princípio, elas são amigas. Mas, quando vai ver, uma garota já está sendo vítima de difamação e exclusão dentro de seu grupo", acrescenta Aramis.
Para esses casos, o especialista dá a melhor solução: trocar de turma. Afinal de contas, você é livre para ser amiga de quem bem entender e não tem nada a ver ficar atrás de meninas que só querem vê-la numa pior, não é mesmo?
Mas, quando o assunto é gozação na frente de todo mundo, como nos casos em que o cidadão grita um apelido infeliz pelos quatro cantos da escola, a pedagoga Karen Kaufmann Sacchetto [ ... ] tem a saída: "Evite reforçar essa atitude. Tente ignorar o máximo que puder". E Aramis complementa: "Saia de perto, para a brincadeira não continuar e você não sofrer".
Contar ou não, eis a questão.
E os pais, como ficam nessa história toda? "Se tiver coragem, conte a eles, pois podem ajudá-la", diz Karen. Porém o pediatra Aramis alerta: "Procure alguém de sua confiança, um colega, um professor, um funcionário da escola, ou seus pais e conte o que se passa com você. De preferência, os pais só devem interferir com o consentimento dos filhos". Se você estiver certa de que quer a ajuda de seus pais nessa luta, peça uma mãozinha. Do contrário, se tiver medo de que a situação piore, busque apenas o apoio deles, mas não desista de tentar se livrar desse sofrimento. Ficar quieta e aceitar todos os tipos de maldade é o comportamento mais incorreto. Muitas vezes, quando ficamos chateadas não há nada melhor do que o colo e os conselhos do pai e da mãe para nos dar um calorzinho no coração.
A diretoria da escola também pode ser avisada, principalmente em casos mais graves, como os de ameaça. [...]


* Questões:
1- Com base no texto lido, responda. O que é bullying?
a) É uma brincadeira que pode magoar alguém.
b) É quando uma pessoa não gosta do que o outro fala.
c) É toda intimidação ou agressão feita com a intenção de machucar outra pessoa.
d) É uma forma de agredir fisicamente alguém.
e) É quando você machuca alguém, sem verdadeira intenção.
2- Qual das alternativas abaixo está incorreta:
a) Bullying é uma característica de quem gosta de ofender, humilhar e discriminar.
b) Há crianças de diferentes idades e séries escolares que são vítimas de bullying.
c) Para ser considerado bullying de verdade, é preciso que essa atitude agressiva se repita.
d) Uma atitude grosseira, repetitiva, disfarçada de brincadeira é considerada bullying.
e) O bullying é um fenômeno que ocorre exclusivamente entre estudantes de certa idade e determinada série.
3- As crianças e adolescentes vítimas de bullying receiam contar o que vivem aos pais ou aos professores e funcionários porque:
a) têm medo de que a situação piore ou por vergonha.
b) nem sempre a situação é igual para meninos e meninas.
c) preferem procurar um pediatra.
d) no fundo, não ligam para o que está acontecendo.
e) optam por entrar na brincadeira e deixar para ver até onde vai.
4- “[...] entre estudantes, os garotos são mais explícitos.” Isto significa que:
a) São mais recatados e tímidos.
b) Ele é mais sutil, “come pelas bordas”.
c) Ele fofoca e esmola primeiro.
d) Tiram sarro dos amigos na frente de todo mundo.
e) São mais amigos, em princípio.
5- É considerado bullying:
a) Gozar, ofender, perseguir, não passar cola durante a prova.
b) Namorar a pessoa que seu amigo(a) gosta, dominar, zoar.
c) Colocar apelidos, quebrar pertences, excluir, intimidar, aterrorizar.
d) Assediar, tiranizar, não querer dar o seu número do celular.
e) Roubar, sacanear, humilhar, escolher apenas seus amigos mais íntimos para frequentar sua casa.

Texto 2

A tecnologia a serviço dos brutos

Um em cada seis estudantes brasileiros do ensino fundamental 
já foi alvo de bullying no mundo virtual. Isolamento, medo 
e até depressão são sinais evidentes desse tipo de violência


Roberta de Abreu Lima e João Figueiredo
Laílson Santos
Ela precisou mudar de escola
"Era nova no colégio quando uma amiga me contou que havia no Orkut seis comunidades intituladas Eu Odeio a Gabriela. Virei alvo de todo tipo de xingamento. A situação só foi piorando, e eu me sentia cada vez mais sozinha e impotente. O pior foi saber que eram colegas de classe que me humilhavam. Deprimida e sem receber por seis meses seguidos nenhuma ajuda do colégio, já avisado da situação, decidi, com o apoio dos meus pais, trocar de escola no meio do ano. As tais comunidades continuam até hoje na rede. É um capítulo da minha vida que luto para apagar."
Gabriela Lins, paulista, 17 anos
A falta de ar e a tremedeira incontrolável eram sinais do pânico se apossando da estudante paulista Brenda Mayer, 16 anos, ao se aproximar da escola. Durante três meses seguidos, Brenda foi alvo de humilhações sistemáticas encabeçadas por um grupo de colegas do próprio colégio. O quadro acima é típico do bullying, o nome adotado no Brasil, em inglês mesmo, para descrever um fenômeno infantojuvenil tão torturante quanto antigo. A novidade é que, agora, ele também se dá pela internet. As colegas de Brenda criaram uma comunidade no Orkut com o único objetivo de agredi-la. Em pouco tempo, o site tornou-se ponto de encontro na rede para dezenas de colegas hostis a Brenda. As ameaças, terríveis mesmo para um adulto, eram deixadas no Orkut aos montes: "Se aparecer na escola, vamos quebrar a tua cara!" ou "Te mato". Brenda continuou indo à escola, onde as ameaças e piadas eram repetidas na presença dela. Isolada, sempre em prantos, a estudante emagreceu 4 quilos. Os pais registraram queixa em uma delegacia, mas nada mudou. O inferno de Brenda Mayer só terminou quando ela trocou de escola, mas o estrago feito vai durar muito tempo: "É impossível esquecer o massacre".
O drama de Brenda ocorreu há quatro anos. Desde então o cyberbullying, o assédio covarde organizado por grupos contra uma pessoa e alimentado via internet, cresceu no Brasil. Uma nova pesquisa conduzida com mais de 5 000 alunos do ensino fundamental em todo o Brasil revela dados assustadores sobre o uso da internet para a organização de ataques à honra das pessoas. O levantamento feito pela Plan, uma ONG presente em 66 países, mostra a extensão do problema nas escolas. Pelo menos um em cada seis estudantes disse aos pesquisadores já ter sofrido agressões sistemáticas e organizadas na rede. A maldade dos agressores é potencializada pelo cyberbullying. As comunidades virtuais, os blogs e as correntes de mensagens são áreas de convivência dos adolescentes, locais em que eles se expõem, paqueram e trocam ideias. Ser privado dessa convivência ou, pior, ser alvo de ataques dos próprios colegas ali é devastador. Resume Brenda: "A autoestima desaparece". [...]


* Compreensão e interpretação:
1. Com base nos textos lidos, responda: O que é o bullying?
2. O bullying é um fenômeno que ocorre exclusivamente durante certa idade ou ano escolar?
3. Considera estas sitações:
. Um estudante debocha esporadicamente de um colega, xingando-o com vários apelidos.
. Um adolescente é vítima de piadas porque usa um celular simples, enquanto os colegas usam aparelhos mais sofisticados.
. Um grupo de adolescentes incomoda repentinamente um colega da classe, rasurando seus livros e cadernos, roubando-lhe canetas e lápis, escrevendo na lousa falsas mensagens de amor, etc.
. Um estudante divulga oralmente ou na internet uma notícia falsa a respeito de um colega, o que provoca o afastamento dos outros colegas.
a) Quais das situações podem ser consideradas bullying?
b) Para você, alguma das situações é pior do que as outras? Por quê?
4. As crianças e adolescentes vítimas de bullying receiam contar o que vivem aos pais ou aos professores e funcionários da escola por vergonha ou por medo de piorar a situação.
a) Qual é a opinião dos especialistas a respeito disso?
b) No trecho "A diretora da escola também pode ser avisada, principalmente em casos mais graves, como os de ameaça", o que você entende por "casos de ameaça"?
5. O segundo texto analisa o cyberbullying, isto é, o bullying na internet. De acordo com o texto, qual tipo de bullying é mais cruel para as vítimas? Por quê?
6. A estudante B. M., depois de ser vítima de bullying durante três meses, acabou abandonando a escola. De acordo com o texto, o problema foi resolvido?
* Questioná-los:
. O que é uma entrevista?
. Quais os tipos de entrevistas?
. Já viu ou participou de alguma?
* Leitura do texto:

Um gênero textual do cotidiano jornalístico
A entrevista requer uma boa postura por parte dos interlocutores
Você já percebeu a variedade de textos que permeiam o nosso cotidiano?
Muitas vezes nos deparamos com os mesmos, e nem nos atentamos para uma análise mais aprofundada sobre o discurso, isto é, qual a finalidade, o que se pretende com a comunicação realizada?
A linguagem tem uma função social, a qual pauta-se por uma finalidade específica, seja para persuadir, convencer sobre algo, relatar acontecimentos, instruir, informar, entre outros objetivos.
Mais especificamente daremos ênfase a um gênero textual denominado entrevista.
A todo instante nos deparamos com pessoas concedendo entrevistas a uma emissora de TV, a um programa de rádio, ou também travamos contato com a leitura de entrevistas publicadas pelos jornais de grande circulação e por uma diversidade de revistas.
A entrevista é essencialmente oral e requer uma postura adequada tanto por parte de quem a elabora quanto por parte de quem a responde. Portanto, deve-se dar maior atenção no que se refere à linguagem, pois é algo que se tornará acessível ao público de uma forma geral.
O uso de gírias, chavões e de uma linguagem informal não é aconselhável, pois o objetivo maior é fazer com que o leitor/expectador se interaja com o conhecimento do entrevistado sobre um determinado assunto.
A elaboração prévia a respeito do assunto que será discutido é de suma importância, pois o entrevistador precisa dominar o assunto em pauta, de modo a evitar algumas falhas indesejáveis. Como também, o mesmo deverá se manter totalmente imparcial, na qual a objetividade deverá prevalecer sempre, sobretudo porque nesse momento é preciso que se promova uma total credibilidade.
Estruturalmente, a entrevista compõe-se dos seguintes elementos:

Manchete ou título - Essa é uma parte que deverá despertar interesse no interlocutor envolvido, podendo ser uma frase criativa ou pergunta interessante.
Apresentação - É o momento em que se apresentam os pontos de maior relevância da entrevista, como também se destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional e seu domínio em relação ao assunto abordado.
Perguntas e respostas - Basicamente, é a entrevista propriamente dita, na qual são retratadas as falas de cada um dos envolvidos.
Entretanto, há algumas entrevistas que não seguem este padrão, ou seja, umas apresentam um roteiro mais conciso somente de perguntas e respostas, outras, ao invés de retratar as falas em seu modo literal, optam por transcrevê-las usando um discurso indireto, ou, até mesmo, muitas trazem um texto introdutório e mais detalhado, com informações sobre o local, a data e duração da entrevista.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

http://www.brasilescola.com/redacao/um-genero-textual-cotidiano-jornalistico.htm

* Organizar grupos de alunos para, juntos, elaborarem questões referentes ao assunto discutido e analisado para entrevistarem colegas de outras classes/séries.
* Sugestões:

Entrevista sobre BULLYING
1- O que é BULLYING para você?
2- Porque ele é bastante praticados pelas pessoas?
3- Na sua opinião,qual o objetivo que as pessoas encontram ao praticar o BULLYING?
4- No futuro, isso pode prejudicar as vitimas? De que forma?
5- Muitos tratam esse assunto como normal ou praticamente o ignoram. Você acha isso certo?
6- Você acredita que as coisas foram, são, e sempre serão assim ou acha que pode juntar-se a outras pessoas para mudar a situação em que vive?
7- Na sua opinião, quais as alternativas para "acabar" com essas agressões? Justifique.


* Após entrevista, analisar todas as respostas e elaborar breve comentário. O grupo deverá escolher um orador para expor o resultado da atividade para a classe.
* Ainda em grupo, deverão preparar uma apresentação oral sobre o tema estudado: "Bullying", para explicarem para outra classe. (um grupo para cada sala)
Para auxiliá-los, efetuar a leitura e explicação dos textos:

O que ensinar nos seminários
Quem disse que uma apresentação se aprende espontaneamente? Um seminário possui uma série de procedimentos formais que devem ser abordados em sala. Primeiro, é preciso estudar a fundo o assunto a ser apresentado por meio de pesquisas e leituras. Em seguida, é necessário triar as informações e preparar a exposição, estruturando-a para que ela seja assimilada pelos colegas. Só então chega o momento de partir para a apresentacão propriamente dita. Nessas etapas, há quatro aspectos que não podem ser esquecidos:
- Planejamento do texto: além de cuidar do conteúdo (uma preocupação comum a todas a situações comunicativas), um seminário exige a preocupação com a forma como as informações são passadas, que não pode ser a mesma usada com os colegas no dia-a-dia. Por isso, é necessário trabalhar as diferenças entre a língua formal e a informal.
Estrutura da exposição: o conteúdo precisa ser apresentado de forma clara e coerente - o objetivo é facilitar a compreensão de seu sentido geral. Para que isso ocorra, o texto oral deve ter uma seqüência organizada: fase de abertura, introdução ao tema, desenvolvimento, conclusão e encerramento.
Características da fala: o tom e a intensidade da voz do expositor devem criar um clima propício para a interação com a platéia.
Postura corporal: olhares, gestos, expressões faciais e movimentos corporais são importantes para complementar as informações transmitidas pela fala. Esses recursos auxiliam a mobilizar a escuta atenta.
Exposição oral
Para fazer uma boa exposição oral, é necessário que você prepare tudo cuidadosamente, ou seja, adotar procedimentos quanto a conteúdo, postura e voz, linguagem, relacionamento com o público e uso de recursos audiovisuais, entre outros.
Conteúdo
1. Pesquise em diversas fontes (livros, jornais, revistas, enciclopédias, sites da internet) e selecione exemplos para fundamentar sua exposição. Se houver mais de um ponto de vista sobre o assunto, leve-o em consideração.
2. Prepare um pequeno roteiro da exposição. Inclua nele a estrutura da apresentação e também os pontos principais que vai abordar.
3. Organize sua apresentação em introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, anuncie o que vai falar e como isso será feito. No desenvolvimento, organize em partes ou tópicos para facilitar a compreensão. Na conclusão, retome os pontos relevantes que expôs e resuma-os.
Postura e voz
1. Evite falar apressadamente. Fale de modo pausado para inspirar confiança e procure transmitir convicção, energia entusiasmo.
2. Lembre-se de dar entonações diferentes à voz para que a apresentação não fique monótona.
3. Procure olhar nos olhos dos seus interlocutores e evite "tiques", como passar as mãos nos cabelos, esfregar os olhos... pois causam ruídos e tiram a atenção do espectador.
Linguagem
1. Procure utilizar uma linguagem simples, direta, clara, dinâmica e persuasiva.
2. Evite empregar gírias e vícios de linguagem, como a repetição de palavras e expressões como: então, né, tá ligado, certo, tá...
3. Cuide da boa pronúncia das palavras.
Relacionamento com o público
1. Ao fazer perguntas ou dar respostas, manifeste-se com expressividade. Com o corpo, dê sinais de que está atento, como aprovar com a cabeça, concordando com seu ouvinte.
2. Ouça atentamente as observações e as dúvidas e procure responder às perguntas na hora ou peça educadamente à pessoa que as apresente no final. Ao responder uma pergunta, procure não se dirigir apenas a quem a fez. Repita a pergunta em voz alta e responda para todos os presentes, pois isso evita que o público se disperse.
Uso de recursos audiovisuais
São um importante apoio para exposições, pois conferem maior dinamismo. Podem consistir em cartazes, power point ou datashow. Use gráficos, tabelas, figuras e fotografias sempre que necessário, mas tomar cuidado para não ficar lendo slides ou dar as costas para seus interlocutores. Quando estiver explicando, fique de lado, olhando para as pessoas e volte-se para os slides somente quando quiser que o conteúdo deles seja lido por todos.
como você observou, uma exposição oral exige muito preparo e organização. E, entre seus preparativos, é fundamental a produção de um roteiro ou de um esquema, que mostre claramente os passos a serem seguidos e os tópicos mais importantes a serem comentados no decorrer dela.
Sempre que estiver numa situação formal de comunicação oral, lembre-se de que o conteúdo é importante, mas não se esqueça de dar atenção, como apoio ao seu discurso, à expressão facial e corporal, à linguagem adequada à situação e ao perfil de seu público, aos recursos audiovisuais, etc. Todos esses elementos reunidos é que farão sua exposição ser clara, precisa e bem-sucedida.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sequência de aprendizagem para a crônica:
O menino que chupou a bala errada
(Stanislaw Ponte Preta)

Público Alvo: 6ªsérie/7ºano
Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdo: pontuação, crônica, breve reescrita
Competências e habilidades: ler textos narrativos, reconhecer elementos da narrativa, analisar o emprego da pontuação, localizar e comparar informações e desenvolver a competência leitora.
Estratégias: leitura de texto narrativo, identificação de elementos, análise da pontuação.
Recursos: textos, dicionário.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde a participação oral até as questões voltadas as estratégias de leitura.

Ativação dos conhecimentos prévios, antecipação ou predição de conteúdos:
O que sabem sobre os sinais de pontuação?
Quais são os mais usados?
Quais os menos usados?
Por que há a necessidade de pontuarmos os textos?
Vocês utilizam os sinais de pontuação?
Sabem usar a pontuação corretamente? Justifique.

·         Dividir a sala em quatro grupos. Entregar papel com o título: “Testamento” e caneta. Contar a história que dará origem ao exercício:

O Mistério da Herança

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Dono de uma grande fortuna, não teve tempo de fazer o seu testamento. Lembrou, nos momentos finais, que precisava fazer isso. Pediu, então, papel e caneta. Só que, com a ansiedade em que estava para deixar tudo resolvido, acabou complicando ainda mais a situação, pois deixou um testamento sem nenhuma pontuação. Escreveu assim:
'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.'
Morreu, antes de fazer a pontuação. 

A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

O objetivo deste exercício é que cada um dos grupos traga a fortuna para o seu lado. Ou seja, a partir de agora, cada um dos grupos agirá como se fossem os advogados dos herdeiros. O grupo 1 representará o sobrinho. O grupo 2 representará a irmã. O grupo 3 deverá fazer com que o padeiro herde a riqueza. E, finalmente, o grupo 4 deverá será responsável para a riqueza do falecido chegar apenas às mãos dos pobres. 

·         Ao final do exercício, após apresentação dos grupos, o professor divulgará como deveria ficar cada um dos textos. 

Resposta:

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Então, chegaram os pobres da cidade. Espertos, fizeram esta interpretação: 
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.


·         Nesse momento fazer um breve levantamento sobre pontuação e solicitar que preencham a cruzadinha abaixo.




·         Logo em seguida, expor que será realizado a leitura de uma crônica e analisado sua pontuação. Novamente realiza-se o levantamento do conhecimento prévio:

O que é uma crônica?
Já leram alguma? Qual?
Conhecem Stanislaw Ponte Preta?
Já leram algo deste autor?
·         Iniciar a leitura do título da crônica.

O que sugere este título?
Tendo como base esse título, o que é possível imaginar que acontecerá na história?

·      Realizar a leitura compartilhada efetuando pequenas pausas sempre que necessário para levantamento de hipóteses, comentários relevantes, retomada de algo analisado anteriormente...

O menino que chupou a bala errada

         Diz que era um menininho que adorava bala e isto não lhe dava qualquer condição de originalidade, é ou não é? Tudo que é menininho gosta de bala. Mas o garoto desta história era tarado por bala. Ele tinha assim uma espécie de ideia fixa, uma coisa assim... assim, como direi? Ah... creio que arranjei um bom exemplo comparativo: o garoto tinha por bala a mesma loucura que o Sr. Lacerda tem pelo poder.
         Vai daí um dia o pai do menininho estava limpando o revólver e, para que a arma não lhe fizesse uma falseta, descarregou-a colocando as balas em cima da mesa. O menininho veio lá do quintal, viu aquilo e perguntou para o pai o que era:
         - É bala – respondeu o pai distraído.
         Imediatamente o menininho pegou diversas, botou na boca e engoliu, para desespero do pai que não medira as consequências de uma informação que seria razoável a um filho comum, mas não a um filho que não podia ouvir falar em bala que ficava tarado para chupá-las.
         Chamou a mãe (do menino), explicou o que ocorrera e a pobre senhora saiu desvairada para o telefone, para comunicar a desgraça ao médico. Esse tranquilizou a senhora e disse que iria até lá, em seguida.
         Era um velho clínico, desses gordos e bonachões, acostumados aos pequenos dramas domésticos. Deu um laxante para o menininho e esclareceu que nada mais iria ocorrer. Mas a mãe estava ainda aflita e insistiu:
         - Mas não há perigo de vida, doutor?
         - Não – garantiu o médico: - Para o menino não há o menor perigo de via. Para os outros talvez.
         - Para os outros? – estranhou a senhora.
         - Bem ... – ponderou o doutor: - O que eu quero dizer é que, pelo menos durante o período de recuperação, talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.
Stanislaw Ponte Preta.

·         Questões:

1) No 1º parágrafo, as reticências foram empregadas:
a) para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.
b) para realçar uma palavra ou expressão.
c) porque os componentes da frase estão em ordem inversa.
d) para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

2) No texto, predomina o diálogo. Observe os sinais de pontuação e responda?
a) Para que serve os dois pontos?
b) E o travessão, como foi empregado?

3) Na sua opinião, como ficaria o texto sem as falas das personagens? Justifique.

4) O texto lido contém diálogos, o que é comum ocorrer nas crônicas. Porém, também é possível que o narrador descreva as conversas e as ações que quer contar. Transforme o diálogo abaixo num discurso indireto.
         - Mas não há perigo de vida, doutor?
         - Não – garantiu o médico: - Para o menino não há o menor perigo de via. Para os outros talvez.
         - Para os outros? – estranhou a senhora.
         - Bem ... – ponderou o doutor: - O que eu quero dizer é que, pelo menos durante o período de recuperação, talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.

5) Identifique a quem pertence a fala:   “Mas não há perigo de vida, doutor?”

6) “... o garoto tinha por bala a mesma loucura que o Sr. Lacerda tem pelo poder.” Pelo comentário do narrador, você consegue imaginar que tipo de pessoa era o Sr. Lacerda? Comente.

7)  O texto apresenta um narrador, isto é, aquele que nos conta o acontecimento. O narrador deste texto é personagem ou é apenas um observador? Retire exemplos do texto que comprove sua resposta.

8)   Transcreva uma passagem do texto em que o narrador conversa diretamente com o leitor.

9)   Quantos personagens participam ativamente do acontecimento. Quais são?

10) “Chamou a mãe (do menino).” Por que o narrador explica, entre parênteses, que era a mãe do menino?

11)  Por que o menino poderia representar um perigo de vida para os outros?

12) O trecho que indica HUMOR é:
(A)    “Diz que era um menino que adorava bala e isto não lhe dava qualquer condição de originalidade.”
(B)   “Chamou a mãe do menino explicou o que ocorrera e a pobre senhora saiu desvairada para o telefone para comunicar a desgraça ao médico.”
(C)   “Bem... ponderou o doutor: - o que eu quero dizer é que pelo menos durante o período de recuperação talvez fosse prudente não apontar o menino para ninguém.”
(D)   “Ah... Creio que arranjei um bom exemplo comparativo: O garoto tinha por bala a mesma leitura que o Sr. Lacerda pelo poder.”

13) “... a pobre senhora saiu desvairada para o telefone ...” Dê um sinônimo para desvairada. Se necessário, consulte um dicionário.

14)   Podemos encontrar, no texto, duas palavras que podem ser usadas no lugar da palavra médico. Quais são?

15) “Deu um laxante para o menininho.” Você diria que laxante é:
a)    remédio para o sistema nervoso; o mesmo que calmante;
b)   remédio para os intestinos; o mesmo que purgante;
c)    remédio para a garganta; o mesmo que xarope.

16) “... para que a arma não lhe fizesse uma falseta...” O que você entende por “fazer uma falseta”?

17)   Retire o acento agudo da palavra revólver. Você terá, assim, uma outra palavra. Escreva uma frase empregando essa nova palavra obtida.

18)   Coloque, agora, acento nas palavras medira e ocorrera. Você terá, assim, outras palavras. Que sentido elas têm? Escreva frases empregando essas novas palavras obtidas.

19) Vimos no texto a confusão resultante da dupla interpretação de uma mesma palavra (bala), que tem vários significados.
a)  Escreva duas frases utilizando a palavra bala. Em cada uma delas, dê um significado diferente.
b) “O homem carregou o revólver.” Dê duas interpretações diferentes para o verbo carregar, na frase.

20) Quantas vezes aparece a palavra menininho no texto? Que outros vocábulos poderiam ser empregadas no seu lugar?

·         Sugerir a leitura do texto a seguir para reforçar o estudo da pontuação:

Sinais de Pontuação

Pontos de Vista
Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.
— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".
— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.
— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.
— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: "A guerra começou!"
— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.
— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.
— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.

Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Will.
Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003


O que achou do texto?
Com base nas informações analisadas e seus conhecimentos sobre pontuação, preencha a tabela a seguir:
  
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Ponto final – aparece no final de frases e indicam que estão completas.
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domingo, 14 de julho de 2013

Leitura e diversão
Valentine Rekunenko


Qual seria o motivo sério que poderíamos opor ao da leitura por diversão, por entretenimento? Estudo, pesquisa? Aprimoramento espiritual? Elevação intelectual? Isso pode até ocorrer, mas não é em função disso que eu leio, e acho que o mesmo ocorre a muita gente. Quando leio autores ditos difíceis estou disposto a investir um certo esforço em busca de uma experiência mental que eu não teria de outra forma. Quando leio para me divertir, procuro um livro que não vai me exigir muito esforço e que provavelmente vai me dar uma experiência não-problemática, relaxante. Claro que de pessoa para pessoa essas receitas variam. Ler Guimarães Rosa (a cujo estilo estou habituado) para mim é uma diversão, mais do que ler certos autores jovens de hoje, nos quais preciso passar meia hora em cada página, porque eles usam uma organização de prosa com que não tenho familiaridade.

A literatura nos propõe uma “experiência recompensadora”. Lemos livros para viver indiretamente experiências alheias, projetadas nos personagens e situações que imaginamos a partir dos textos. Essas experiências são recompensadoras de vários modos, dando-nos acesso a uma percepção da vida humana mais intensa do que a da vida real, porque é uma experiência distanciada. Uma experiência maleável: podemos voltar atrás e reler um capítulo inteiro, aprofundando e enriquecendo a primeira leitura. Experiência virtual: o caráter não concreto da experiência nos permite vivenciar situações que não ousaríamos vivenciar na vida real, ou que, se vivenciadas, nos trariam mais ansiedade do que prazer (histórias de terror ou de violência, p. ex.). Experiência impermeável: com exceção dos efeitos psicológicos, nada do livro passa para a vida do leitor, nada contamina seu corpo, nada o atinge fisicamente.

O que nos diverte, afinal, lendo um criador de situações torturadas como Dostoiévski? Em casos assim, a diversão não nasce das situações em si (elas são muitas vezes penosas) mas do fato de que podemos vivenciá-las sem compromisso, sem nenhum grau de envolvimento que não dependa unicamente de nossa decisão. A angústia dostoievskiana é só dele, e podemos até usá-la como um recurso que nos faz retornar mais relaxados para uma vida real em que tragédias íntimas daquela dimensão raramente acontecem. Por outro lado, se o livro nos propõe uma “realidade projetada” que gostaríamos de experimentar sem reservas (uma história de amor feliz, uma história, engraçada, etc.), basta-nos reduzir o foco de distanciamento e mergulhar de cabeça no mundo da narrativa; esta é a experiência proposta pela ficção dita escapista ou de mera diversão.

Postado por Braúlio Tavares em Colunistas

http://www.abarriguda.org.br/colunistas/leitura-e-diversao/

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Viajar pela leitura

Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça 
na imaginação!
Clarice Pacheco

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Como a leitura entrou na minha vida



Na infância não tinha acesso à leitura em casa, meus pais eram muito humildes e não sobrava dinheiro para comprar livros de leitura, por isso meu primeiro contato com leitura foi na escola. Lembro-me com saudade do livro "A ilha perdida", da coleção Vagalume. Tamanho foi o encantamento com as aventuras e descobertas das personagens do livro que depois quis ler tantos outros da mesma coleção. 
Felizmente os livros hoje em dia são bem mais acessíveis, mas ainda é preciso muito incentivo, já que, em questão de entretenimento e diversão, concorrem com tantos outros recursos tecnológicos e imediatos.
 A descoberta da leitura foi tão mágica na minha vida que não parei mais de ler. Os livros são meus companheiros, leio muitos livros por ano e sempre que posso mergulho em um mundo de emoções e descobertas que só pode ser traduzido no universo maravilhoso de ler.
Como professora procuro despertar o interesse pela leitura de meus alunos. Apesar de não termos uma biblioteca organizada e um espaço físico adequado, levo para a sala de aula "caixas" com livros de diversas histórias (inclusive os da série Vagalume) e leio trechos de alguns livros para eles. É muito gratificante perceber que alguns alunos estão gostando de ler e que até pedem livros de presente aos pais. Tenho certeza de que a história de algum livro também marcará a infância deles...

quinta-feira, 27 de junho de 2013



Sequência Didática do texto: "Avestruz" - 
Mario Prata
Público Alvo: 5ªsérie/6ºano

Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdo: elementos da narrativa, descrição, produção de parágrafo descritivo, adjetivos.
Competências e habilidades: ler textos narrativos descritivos, reconhecer elementos da narrativa e da descrição, produzir pequeno texto descritivo, analisar o emprego do adjetivo e da locução adjetiva, localizar e comparar informações e desenvolver a competência leitora.
Estratégias: leitura de texto narrativo, identificação de elementos descritivos no texto narrativo, produção de pequenos textos descritivos.
Recursos: texto, dicionário, imagem, letras de música, notícia.
Avaliação: ocorrerá durante todo o processo desde a participação oral até as questões voltadas as estratégias de leitura, bem como a produção descritiva.
Avestruz

 
Mário Prata
O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6ºano vol. 2
Caderno aluno p. 9
Caderno do Professor p. 18
  
Antes da leitura:
I - Ativação dos conhecimentos prévios, antecipação ou predição de conteúdos:
. Alguém conhece ou já viu um avestruz? Onde viram?
. Como você descreveria um avestruz?
. Seria possível ter um avestruz como um animal de estimação?
. O texto que será lido tem como título: “AVESTRUZ”. Onde você acha que se passará a história?
Durante a leitura:
Iniciar a leitura do texto, mas ler apenas o primeiro período.
. Quem pediria um avestruz como presente de aniversário?
. Vocês acham que o menino ganhará o presente?
II – Localização, comparação de informações:
. Onde foi que ele viu a avestruz?
. O que foi que chamou a atenção dele?
  Prosseguir a leitura até o terceiro parágrafo.
 . Onde mora o menino? E onde mora o narrador?
.  Qual o peso e a altura média de uma avestruz?
.  Seria possível ter uma ave desse porte num apartamento?
.  A que o narrador compara o avestruz? E o seu pescoço?
. Como o avestruz é descrito no texto?
. Faça o desenho de um avestruz, de acordo com a descrição do texto.
. Agora observe a imagem e responda:

a)      Qual a semelhança entre a imagem e o seu desenho?
b)      Aponte diferenças entre seu desenho e a imagem acima.
Continuar a leitura até o final.
Depois da leitura:
III - Produção de inferências locais e globais:
.  Existe alguma palavra no texto que vocês não conheçam o significado? ( TPM, menopausa, atrofiada, gigolô ...) Procure no dicionário.
. O que o autor quis dizer com as orações:
a)      “Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima!”
b)       “Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz”?
. Quais argumentos do narrador convenceram o menino a desistir do presente?
IV – Recuperação do contexto de produção de texto e definição de finalidades e metas:
. O que vocês acharam do garoto do texto?
. O texto lido é uma crônica? Apontem duas características desse tipo de texto.
. Você tem ou teve algum animal de estimação? Faça um pequeno texto descrevendo-o.
. Circule os adjetivos que você utilizou para descrever em seu texto.
V – Percepção de intertextualidade e interdiscursividade:
. Qual a relação deste texto com as músicas abaixo?


 Avestruz
Tava cansado de viver lá na roça
De andar só de carroça, resolvi então mudar
Vendi meu sítio, vendi vaca e galinha
E peguei tudo que eu tinha na cidade fui morar
O meu dinheiro tava num banco guardado
Veio um cara engomado disse vou te dar uma luz
Mais que depressa peguei o meu capital
Fiz um negocio legal comprei tudo em avestruz
O paladar desse bicho é aguçado
Ta no seu papo guardado o dinheiro que eu pus

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Pra me ajudar a tocar este negocio
Arrumei foi muito sócio veja só no que foi dar
Cabeleireira empenhou sua tesoura
Diarista a vassoura hoje vive a reclamar
Tinha um amigo que dizia ser esperto
Teve prejuízo certo hoje ta desesperado
Foi a motoca, foi a égua e a poupança
Realmente foi lambança, só deu cheque carimbado
Até o vovô que guardava um dinheirinho
Comprou quatro filhotinhos lá se foi seu ordenado

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Neste negócio de comprar este bichinho
Fiquei falando sozinho e agora o que fazer
Comeu o carro, foi também a camioneta
Só não foi a bicicleta pois não consegui vender
Era feliz e vivia controlado
Com a família do lado não devia pra ninguém
Na quebradeira que esse bicho me deixou
Minha mulher me abandonou e meus amigos tamém
To apertado igual um pinto no ovo
Este bicho é um estorvo, nem me fale nesse trem

Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado

Avestruz, comeu até minha aposentadoria!!!
Xtudo e o Avestruz

Hélio Ziskind

papagaio, beija-flor, galinha, urubu,
são aves

Na África
vive
a maior ave do mundo.

é grande dá pra montar;
com um chute pode matar;
quando corre, chega a 70 Km por hora;

é capaz de comer
pedra, arame, galho, grama,
relógio, anel,
bola de gude
COME TUDO!
X - Tudo
é pernudo, pescoçudo,
tem pena macia
põe um ovo enorme
que parece melancia

É ave
mas não voa
Quem sabe o nome dela?

Nunca fala nada
come X-tudo.
A-ves-truz
é mu-do.

(dá pra repetir?)



VI – Elaboração de apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos:

. O que pensam sobre os pais que dão tudo o que os filhos pedem?

. E se o menino persistisse na ideia de ter o avestruz? Como seria?

. Leia a notícia a seguir e analise com o que você respondeu anteriormente.

Família divide espaço com passarão gigante

Ave gigantesca adora sentar na sala de estar com os "irmãos" e assistir televisão

Do R7

Reprodução/Metro UK



Isso sim é uma história EMUcionante - perceba que, enquanto a família não vê, Ian não solta a franga de jeito nenhum



Muitas famílias não estão completas sem algum bicho de estimação. Cachorros, gatos, peixinhos, pássaros e até tartarugas.

A família Newby, que mora na Inglaterra, decidiu ter um animal um tanto quanto exótico em casa: um emu.

Os emus são as segundas maiores aves do mundo, perdendo apenas para os avestruzes.

Beaky, como é chamada a grande ave, divide espaço com os seis filhos do casal Ian e Lisa Newby.

O mais curioso é que Beaky gosta de se sentar na sala com a família e assistir TV.

O animal pesa quase 90 kg e come grandes quantidades de brócolis e couve-flor todos os dias.

Ian, que tem um projeto para salvar animais, conta como Beaky entrou na vida de sua família.

- Minha mulher meu deu a Beaky quando ela ainda era um ovo, dois anos e meio atrás.

Beaky adora correr com as crianças e até divide brinquedos com elas. O mais velho da família tem 7 anos de idade e o mais novo apenas 10 meses.

Além de comer brócolis, Beaky consome quase 6 kg de milho por semanas.

- Ela vai comer basicamente qualquer coisa que deixarmos. As leis do Reino Unido permitem emus como animais domésticos.

Ian explica, no entanto, que não é qualquer um que pode criar um bicho desses.

- Eles vivem 60 anos, crescem muito fortes e nem todos são tão amigáveis quanto a nossa especial Beaky. Quando ela fica feliz, vira a “Beaky Kung-Fu” e começa a correr pelo jardim. Ela pula muito alto e joga as pernas para cima.

Bom, um ovo do bicho alimenta a família inteira por uma semana, não é?